quinta-feira, 27 de maio de 2010

Carta aberta

O nada.

Depois de ler o conteúdo da carta fiquei horas olhando pro nada e foi o momento certo onde você se toca que tudo a volta de si mesmo não é real, nem você parece real.

Você para, você pensa:

“Todos os últimos anos da minha vida parecem de massinha.”

É engraçado, é quase como se ver diante do espelho e se sentir um vampiro, você não se enxerga ali refletido.

Vampiro.

Depois, quando a posição já não é mais confortável você mexe sua perna, o sangue volta a circular, você passa a sentir seus pés de volta, você percebe que é real.

Verdade.

Eu sou de verdade, o que senti foi de verdade, o quanto errei foi de verdade, o quanto cresci foi de verdade.

Eu mal me encaixo na própria casa.

Sou um ser distraído que esbarra nas coisas não por falta de cuidado meu, mas por falta de cuidado das coisas.

Saí da minha frente!

Levei 18 anos pra ser o que sou hoje

(e olha que é pouco tempo pra ser alguma coisa).

Dois anos não definirá em nada a forma como vou viver daqui adiante.

A única lágrima que esses olhos aqui vão derramar de verdade vai ser no dia que minha mãe morrer.


Você foi a mentira mais sem vergonha que já me contaram.


Você é pouco.

Quase nada!

Levar toda sua existência pra adquirir um único valor,

a sua tal sinceridade,

é atraso de vida,

tem muito o que correr neguinho,

que bom que essa é a hora.

Correr.

Crescer.

Adeus.