sábado, 26 de junho de 2010

Relatório

É estranho como me sinto hoje diferente de tudo o que eu li abaixo.

É como ver algum meu que morreu.

É como passar a mão sobre uma ferida e ela não doer mais.

É como cortar o cabelo.

Você se vê estranho no espelho depois que isso acontece, mas se sente mais leve.

Você vê os fios repousados no chão, aí você lava a cabeça e saem mais alguns fios, aí você passa o dia tirando os fios do seu ombro e pouco a pouco você se acostuma com seu renovado eu.

Não é exatamente o que você queria no começo, só que passa um dia, uma semana, um mês e você fica satisfeito com o que fez.

As pessoas satisfeitas com o que vêem, te elogiam.

É claro que tem aquelas que nem percebem, mas você cortou o cabelo, o que ficou no chão, ou se foi pelo buraco da pia você nem faz idéia de onde foi parar.

Nunca parei pra pensar pra onde vão os cabelos.

O que acontece com eles depois que a gente corta eles fora? Eles se desmancham? Eles ficam juntos? Existe um lugar para cabelos aposentados?

Não sei.

Sei que a perspectiva daquilo que me faz feliz e triste hoje são outras, são novas, mesmo a nova tristeza tem um ar mais empolgante.

Fico feliz com a familia que eu tenho, com meu trabalho, com meus amigos e me dá uma vontade de começar algo novo.

Talvez voltar a dançar, ou aprender sapateado, ou viajar.

Viajar.

Não é uma má ideia, nunca vai vai ser uma má ideia se você embarcar sem medo.

Não tenho medo de avião, ele é tipo um pássaro gigante. Ele não canta... Mas faz a coisa mais legal que um pássaro pode fazer, voar. Sem medo. Sem medo.

Hoje tem muita coisa boa guardada dentro de mim, coisas valiosas que eu quero dividir com alguém.

Quero um filho, um amante, um cachorro. Qualquer coisa que precise de amor. O meu amor. A minha música.

Música.

Ontem foi o segundo ensaio do meu meu show.

O Allan é um amigo muito tímido meu. Ele não sabe falar a língua dos homens. Ele só sabe falar a língua dos violões, das guitarras e dos teclados, e é bonito ver como mesmo assim a gente se entende. Eu canto, ele toca. A namorada dele assiste enquanto minha mãe frita as batatas e prepara o suco.

Mãe.

A minha é maravilhosa. Meu vocabulário é muito curto para citar todas as suas qualidades, e não me sinto nenhum pouco metido falando que você trocaria sua mãe pela minha caso tivesse a chance.

De resto espero que o vento me inspire a escrever mais.

Tenho um longo dia pela frente e não sei o que pode me acontecer.

Estou pronto.

Pode mandar.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Uma dor pode até apagar outra, mas não deixa de ser dor, nem se deixa de doer.