sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Todo mundo explica

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Não me pergunte por que
Quem-Como-Onde-Qual-Quando-O Que?
Deus, Buda, O tudo, O nada, O ocaso, O cosmo
Como o cosmonauta busca o nado, o nada
Seja lá o que for, já é

Não me obrigue a comer
O seu escreveu não leu
Papai mordeu a cabeça
Do Dr. Sugismundo
Porque sem querer cantou de galo
Cada cabeça é um mundo Gismundo
Antes de ler o livro que o guru lhe deu
Você tem que escrever o seu

Chega um ponto que eu sinto que eu pressinto
Lá dentro, não do corpo, mas lá dentro-fora
No coração e no sol, no meu peito eu sinto
Na estrela, na testa, eu farejo em todo o universo
Que eu to vivo
Que eu to vivo
Que eu to vivo, vivo, vivo como uma rocha
E eu não pergunto
Porque já sei que a vida não é uma resposta
E se eu aconteço aqui se deve ao fato de eu
simplesmente ser
Se deve ao fato de eu simplesmente

Mas todo mundo explica
Explica, Freud, o padre explica, Krishnamurti tá
vendendo
A explicação na livraria, que lhe faz a prestação
Que tem Platão que explica, que explica tudo tão bem vai lá que
Todo mundo explica
protestante, o auto-falante, o zen-budismo,
Brahma, Skol
Capitalismo oculta um cofre de fá, fé, fi, finalismo
Hare Krishna, e dando a dica enquanto aquele
papagaio
Curupaca e implica
Com o carimbo positivo da ciência que aprova
e classifica

O que é que a ciência tem?
Tem lápis de calcular
Que é mais que a ciência tem?
Borracha pra depois apagar
Você já foi ao espelho, não?
nego?
Então vá!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Diálogo teste 01

- Não dançava assim fazia séculos!
- Ninguém ali acreditaria nisso.
- (ri) É, eu bem que precisava daquilo, nunca fui de festas, mas essa me fez tão bem.
- Fico contente que tenha gostado. Ficaria mais ainda se me dissesse que já se esqueceu de tudo aquilo.
- Você sabe que as pessoas temem quase a vida toda a infelicidade, meus pais temem ser infelizes caso um separe do outro e recomecem uma nova vida, sem o outro. Tanto medo de largar o que é cômodo faz com que o medo da infelicidade os façam infelizes da mesma forma, até mesmo pior.
- É.
- Sou grato a infelicidade.
- (...).
- Sou grato por não ter passado por uma festa assim antes, por descobrir hoje que dançar me faz bem, de ter sido infeliz.
- Quem agradeceria a infelicidade?
-Alguém que saiba hoje o prazer de ser feliz. Só quem já conheceu a tristeza tem o parâmetro daquilo que as fazem felizes. É isso que nos faz correr tanto atrás de um emprego, ou de uma família, ou de um novo amor, ou de uma nova festa; Se eu não tivesse passado por tudo aquilo hoje, não saberia o que é ser feliz com você agora.
- Isso é bonito...
- Isso é álcool!
- (ri) Não, você é o tipo de pessoa que diria isso muito sóbria.

Sala de Entropia

Pode ser que eu não faça sentido às vezes, acho que não nasci para fazer sentido, posso colocar uma foto, talvez uma frase, talvez o trecho de algum livro, ou talvez não escreva mais nada depois do primeiro post.
Blogs são assim, momentos esporádicos de inspiração de uma hora ou dois dias, a concretização do impulso de querer que as pessoas saibam um pouco mais de você, ou do que você quer que as pessoas pensem sobre você, afinal, observando às vezes as pessoas em lugares comuns, como os vagões do metrô, fico pensando nas coisas que elas gostariam de conversar com alguém, alguém que as dedicasse alguns minutos dos ouvidos, que não necessariamente precisem concordar com alguma coisa que ela diga, apenas que as escutem, acenam por vezes sim, por vezes não com a cabeça até que a próxima estação chegue e o ouvinte diga “até logo” e leve consigo na lembrança, mesmo que esqueça no próximo vagão, os segredos da vida daquela pessoa.
Terapias me sairiam caras, acho que mesmo se houvesse a chance de ter alguém disponível pelo período de uma hora, só pra ouvir as coisas que eu tenho sede de dizer, nem saberia por onde começar, afinal tempo é dinheiro, neste caso, meu dinheiro, e queria poder aproveitar todos os minutos dos sessenta de filosofia egocêntrica, mas minha deficiência em organizar idéias e contar histórias fariam eu abrir a boca apenas para o que menos me incomoda, fazendo com que eu sentisse que a grana investida na minha suposta paz de espírito valesse menos a pena do que comprar um sorvete.
Logo, porque não usar a terapia mais barata e mais pública que existe no mercado? Apelar para o mais sábio oráculo dos tempos modernos, o Google, esperando pretensiosamente a cura da minha entropia?
Ele está aqui,como um segredo, aguardando a visita inesperada de alguém para tomar um café, jogado ao meio de tantos outros blogs.
Tão aberto quanto eu estou aberto para dividir com quem queria ouvir qualquer coisa de proveitoso que as coisas do dia-a-dia me inspirem a escrever.
Por isso espero vê-lo em breve.
Até mais.