terça-feira, 30 de março de 2010

Meu amigo violão.



Nunca falei com ele, mas ele sempre esteve lá.


Lá na parede da sala, velho, de madeira, as cordas bambas.


Hoje me faz companhia na rua, no banco do ônibus,

é quase como andar com um vivo, ele vibra com a pulsação da rua.


Como não pude dizer "olá" antes?


Embora não o conheça direito, dispenso quem me queria explicar o sentido da vida. Pra quê me importa se já arrumei sentido para meus dedos?





sábado, 20 de março de 2010

O que é ser jovem?




Você realmente achou que pudesse me revirar do avesso e fazer da minha bagunça uma bagunça ainda maior?

Eu sei das coisas que me movem, mas nunca precisei ditar a ordem de como essas mesmas coisas acontecem. Sei da minha idade, do meu nome, onde moro, e embora não saiba ao certo onde quero chegar, tenho absoluta certeza de onde não vou pisar meus pés.

Você espera respostas? Eu também as espero, muitas delas acredito que você mesmo responda um dia.

Às vezes sento no meu quarto e permito que o sol invada a janela. A sombra projetada pela garrafa de coca-cola me diz quais são as horas e é desta forma que passo a tarde, crente de que a brisa não me traga apenas frescor, mas que sussurre em meus ouvidos aquilo que você deseja ouvir agora.

Sei que tem urgência nisso, mas bem que poderia me dar mais tempo pra respirar saca?

Essa sua pressa só faz com que eu me atrapalhe mais buscando aquilo que você procura.

Como posso te dizer com clareza o que significa ser jovem se a minha própria voz ainda nem foi definida pelo meu corpo, se ainda estou aprendendo a andar de bicicleta, se ainda não comprei aquele CD que todo mundo anda ouvindo ou lido aquele livro que meu primo indicou. Se ainda saio do chuveiro sem secar direito as costas e de vez em quando pulo o muro do jardim da escola?

Nesse estado de entropia penso que talvez eu realmente tenha consciência do poder das palavras que um jovem domina e o quanto elas foram tão importantes na geração dos meus pais. Isso só faz com que eu me preocupe com o significado que as palavras terão na boca dos meus filhos, pois hoje, enquanto danço ao som da música do momento e me banho com os prazeres desta beleza efêmera que é a juventude, amanhã você não estará tão urgentemente serena, apenas esperando sua vez de entrar, apenas em algum canto remoto do meu cérebro.

Você vai chegar, você vai fazer parte do meu nome, do lugar onde moro, e dos pés que sabem onde não querem pisar.

Você estará cravada nas minhas rugas, na minha testa, na minha voz que já terá uma cor, e em tudo aquilo que eu já tenha construído.

Então, enquanto esse dia ainda não chega, apenas para que você sossegue o faxo e me deixe um pouco mais em paz, aí está a resposta da sua pergunta:

Ser jovem é ser criança vivendo vida de adulto.

terça-feira, 16 de março de 2010

Olhos devassos

Em uma fresta do quadrante vitral,
vejo escondida, porém curiosa, a travessa beleza de seus olhos devassos.

Palavras em folhas.


Folhas são como páginas sagradas.
Quão mais me distraio com as palavras, mais elas me aproximam de você.
Esqueço-me das coisas chatas como andar de ônibus, ir a escola ou estar trabalhando.
Não são úteis as palavras?

sexta-feira, 12 de março de 2010


Me disseram essa semana que devemos apreciar a poesia das coisas independente da categoria a qual ela pertença, pois a maioria destas coisas exalam sua poesia sem pretensão alguma, não esperam ser notadas por isso; logo quem procura uma poesia idealizada muitas vezes não percebe que qualquer ser que pense e viva, se move através do som de uma música que nem sempre conseguimos ouvir.

Não podemos ignorar que da ignorância, muitas vezes desprezada, também existe mérito e beleza.

Dar chances sem esperar muito de alguém nos dá a oportunidade de que as pessoas nos surpreendam com atitudes subestimadas pela ansiedade do interlocutor.

Saca?